terça-feira, 6 de outubro de 2015

Pobre menina rica.

Ela estava no aeroporto. Assim como eu, aguardava o anúncio pelo vôo de Porto Alegre a Santa Maria. Vestia um terno preto e uma saia preta, com scarpins envernizados. Anéis grandes e pulseiras chamativas. Cabelo bem arrumado, e a maquiagem impecável. A mulher sentada à minha frente aparentava ter uns 35 anos. A pele bem cuidada e as unhas impecavelmente pintadas. A bolsa, carteira e mala de mão da Victor Hugo, corroboravam com a maneira como ela se portava. Olhos atentos ao iPhone. Sua postura traduzia o seu estilo de vida. Afinal, mulheres financeiramente bem sucedidas chamam a atenção. 

E bastou observar um pouco para presenciar a cena que fez aquela super imagem desmoronar: depois de terminar o café, ela abre a bolsa e pega uma caixa de remédio com a tarja preta. Toma aquela pílula com um copo de água como quem toma uma fonte de vida. Após engoli-lo, ela respira fundo e olha para o lado, em direção à janela. Um olhar vago e triste. 

Pobre menina rica.

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