sexta-feira, 9 de outubro de 2015

As crianças de hoje precisam de mães como as nossas!

Muitas coisas,
com o passar do tempo, mudam. No entanto, tem uma coisa que vi mudar e que realmente me incomoda, que é a maneira como muitas crianças se comportam.

Elas respondem, xingam, fazem bico, manha, ou, num ataque de fúria extremo, chegam até a bater nos seus pais. É sério, eu já vi.

Afinal, do que esse tipo de criança precisa? A maioria tem tudo o que quer. iPad, motorista, escola cara, brinquedos caros. Mas eu sei o que ela precisam: uma mãe igual à minha ou à sua.

Uma mãe que sabe impor limites e dizer não. E isso a minha sabia bem. 

Desde pequena não tenho tudo o que quero. 
Desde pequena aprendi que quando minha mãe dizia "não", era não. 
Desde pequena sei o significado de "vou contar até 3" ou de um olhar de olho arregalado quando eu falava ou fazia algo que não devia - isso quando ela estava longe, se estivesse perto era um cutucão básico nas costas. Quem nunca tomou um desse?

A intensidade do cutucão era proporcional à merda que você estava falando. Hoje eu dou risada, mas na hora eu engolia seco.

Se eu fizesse algo de errado pela manhã, que não pudesse ser repreendido na mesma hora, era simples: "quando chegar em casa, você vai apanhar". A frase saia meio tímida, porém firme, com os dentes cerrados e a boca entreaberta. E eu sabia, podia passar o dia inteiro, mas quando eu chegasse em casa, eu ia apanhar. 

Nunca vi uma pessoa levar tão a sério uma promessa, gente. 

Bastou ser levada uma vez para 'aquela conversa' no banheiro, quando não me comportei no restaurante, para ficar imóvel toda vez que recebia esse tipo de proposta da minha mãe: "quer ir conversar no banheiro?".

Eu aprendia rápido.

E quando ela me perguntava, já com o chinelo na mão: "você acha que merece apanhar pelo que fez?". 
Que pergunta difícil. Na minha ingênua e astuta cabecinha eu pensava: "ok, vamos lá, se eu falar que não mereço, estarei mentido. Por outro lado, se eu falar que mereço vou apanhar mais. Pense, Marina. Pense".

Então, eu fazia o máximo de carinha de gatinho do Shrek que podia (pensando: seja o que Deus quiser): "ah, acho que mereço mais ou menos, você que sabe." 

"Dessa vez passa, hein?".
Sabia que a tinha conquistado.

Era simples, o que eu tinha que fazer? Me comportar, respeitar meus pais e obedecê-los.

Claro que, por vezes, ainda mais por ser meio (meio?) hiperativa, eu esquecia disso, mas o chinelo que estalava na minha bunda rapidamente me fazia lembrar. 

Já fiquei de castigo por brincar de bola na sala e quebrar uma máscara de Veneza da minha mãe.

Já fiquei de castigo por responder atravessado para minha mãe. 

Já fiquei de castigo por ter aprontado na escola - eu não era muito fácil também.

Já fiquei de castigo por ficar pulando o fio que ligava um teclado elétrico da minha mãe à tomada, tropeçar e desligar tudo.

Enfim, foram muitos castigos - e todos merecidos, eu sei.

Segundo o entendimento que se criou em torno de uma palmada atualmente, eu deveria ter crescido rebelde, revoltada, drogada, alcoólatra, traumatizada, e por aí vai. 

Para decepção geral dos moralistas de plantão, fiquei de recuperação na escola uma única vez na vida, sempre fui bem recebida nas casas dos amigos dos meus pais e elogiada por ficar quieta e não mexer em todos os enfeites da estante, me formei, pós graduei,
mas o principal: tenho princípios, caráter, e tenho certeza que vou agir da mesma forma com meus filhos.

Com a lei da palmada, que pode até tirar a guarda de um filho, já ouvi crianças respondendo à mãe: "pode me bater, que eu ligo pra polícia e você vai presa". Ah se fosse meu filho, ou se fosse minha mãe: "pode ligar pra polícia, mas liga agora porque depois que eu te quebrar a cara e você perder seus dentes, nem falar você vai conseguir." 

Delicadeza napolitana. É, aqui o sangue tira racha, como dizem.

Mas convenhamos, mães como as nossas estão em falta no mercado.



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