terça-feira, 2 de fevereiro de 2016

A geração de pais órfãos


Quem não conhece, ou se reconhece como, alguém que foi ou vai morar em outro país? 

Seja por motivo profissional, por se apaixonar por alguém que mora do outro lado do mundo, seja por querer uma nova experiência, por ansiar por uma nova vida,  por querer fugir do país, seja por todos estes motivos juntos, ou por nenhum deles.

 

São jovens que deixam suas casas, sua família, sua cidade, seu país, em busca de algo melhor. É cada vez maior o número de amigos que saem, ou já saíram, do Brasil em busca de uma nova vida, cheia de boas experiências, cheia de novidades e cheia de saudades, claro!

 

E como deve doer... O medo de sentir saudade da família, por muito tempo, foi o que me bloqueou, mas hoje não me bloqueia mais. A saudade, com certeza, estará presente. Os momentos separados, muitas vezes nos ferem como facadas. Perder aquele aniversário em família, falar e ouvir parabéns pelo Skype, sem poder dar um abraço, deve machucar demais. 

 

Ano que vem, serei mais uma emigrante, que deixará sua pátria e sua família em busca do novo, de qualidade de vida e novas experiências.

 

 Já consigo imaginar como deve doer.

 

A minha dor e de todos os jovens que vão é grande, mas é amenizada pela inundação de novidades que a nova etapa trás. No entanto, às vezes me pego pensando na dor dos meus pais, e de todos aqueles que tiveram que se despedir de seus filhos, que admiram a coragem de enfrentar o novo - peculiaridade da nossa geração -, mas, ao mesmo tempo, gostariam que aquilo não estivesse acontecendo. 

 


Não vou enfrentar ou discutir questões políticas neste post, apesar de entender que um dos motivos, e o mais relevante, esteja intimamente ligado com o momento político do país, mas quem sabe isso não seja apenas um "empurrão" pra muitos pseudo-corajosos?

 

A partida e a despedida machucam, mesmo que temporária a distância. O que resta para nós, filhos, é fazer um simples pedido a Deus: que abençoe esta geração de pais órfãos. 

terça-feira, 19 de janeiro de 2016

Operação casamento – padecendo no paraíso!




O paraíso do casamento está em encontrar o homem da sua vida; Está em ficar noiva desse homem; Está em sonhar com a cerimônia, com a festa...

Falando em festa, o sonho fica um pouco mais salgado quando te falam os preços de tudo o que fará parte do seu grande dia. Como já disse em outro post (Operação casamento.), tudo custa mais do que R$1.000,00, e o que custa menos, você acaba comprando, porque está barato. Ou seja, o casal acaba perdendo a noção da realidade do caro e barato. Por exemplo: uma almofada para transportar as alianças custa R$ 289,00. “Nossa, que barato!” Nããããão, não é barato. É muuuuito caro. Veja bem: são dois pedaços de cetim, com um pouco de espuma dentro, só finalizar com uma rendinha e está pronto.

Quando você contrata todos os serviços e já está pagando tudo aquilo que seu sonho pediu, que é muito mais do que cabe no seu bolso – até por isso estou há um ano sem comprar sapato –, uma tranquilidade toma conta do seu ser. Aparente tranquilidade, que dura pouco, pois quando chegam os três últimos meses antes do casamento é que a coisa começa a ficar boa para os ânimos, devido a alguns peculiares acontecimentos:

- Mandar nome de convidado errado para a calígrafa;
- O vestido que deve que ser provado mais três vezes, e somente das 10h às 17h;
- Pessoas que se convidam;
- Pessoas que estão convidadas e querem convidar outras pessoas (entendam: casar é caro, não é como promoção de rádio, nem todo convidado tem direito a acompanhante. Agradecida.);
- Separar inúmeras fotos para a seu Slide Show;
- Correio que atrasa a entrega do que você comprou pela internet;
- Agendamento de todas as reuniões com todos os seus fornecedores, que não agendam esse tipo de reunião aos finais de semana. Duas curiosidades aqui: 1) na hora de fechar o contrato, a pessoa te recebe até de madrugada, de sábado pra domingo, se for preciso; 2) quando você vai fechar te dão até o carimbo do estacionamento, já nas demais reuniões: “O valet é R$ 10,00, senhor”.
- E outras coisas que prefiro não comentar publicamente...

É estressante demais, e, ao mesmo tempo, bom demais.

A ansiedade aumenta a cada dia, e com ela vêm os sonhos malucos:
- Já cheguei sem sapato na hora da cerimônia; já esqueci o dia da noiva no salão e só lembrei momentos antes da festa; já cheguei e todos os convidados estavam de calça jeans, assim como já cheguei ao casamento com vestido curto de saia preta.

E eu que pensei que poderia ter um pesadelo pior do que aquele que íamos pelados para escola.

No final, quando chegar o grande dia, tudo vai ser tão lindo, que vai fazer cada gota de lágrima derramada ter válido a pena.

Sim, lágrima, mesmo, pois estou tão sensível que choro até em propaganda...

Pois é, ser noiva, como dizem, é padecer no paraíso.


domingo, 17 de janeiro de 2016

Vamos viver?

Pare, e análise sua vida agora.

Você está reclamando demais da sua rotina?
Se pega pensando que algo poderia ser diferente?
Não deixe de mudar, de sair do padrão que a sociedade nos ensina a viver, em função do medo de arriscar.

Você tem o poder de mudar a sua vida. Só você.

Muitas vezes estamos no modo automático e nem percebemos que já se passaram 5, 10, 15 anos daquele adolescente entusiasmado que queria mudar o mundo e viver a vida em sua plenitude.

A vida adulta chega, e com ela várias regras: você tem que ter um emprego que te dê status, tem que trabalhar igual aos americanos, tem que casar, ter filhos... Blá, blá, blá.

Vamos lá. 

Se você não quiser ter um emprego pra ganhar R$30 mil por mês, e gosta de trabalhar menos para conseguir chegar em casa cedo, a escolha deve ser sua.

Se você não quiser se casar, a escolha deve ser sua. 

Se você não quiser ter filhos, a escolha deve ser sua.

Se você quiser largar tudo e mudar de país, a escolha deve ser sua.

As pessoas adoram opinar sobre tudo, e, principalmente, adoram julgar. Julgamento é um veneno.
"O que as pessoas vão pensar?"

Entenda: em tudo o que você fizer na sua vida haverá pessoas prontas para dizer que você está errado e que não vai dar certo.

Faz assim: pegue essas opiniões negativas e imagine degraus, construa a sua própria escadinha mental, rumo ao seu objetivo. Junte também, obviamente, as palavras de estímulo e incentivo, elas são vitais.

Não esqueça: muitas pessoas, no leito de um hospital, à beira da morte, confidenciam que teriam feito muita coisa diferente na vida. Então, prometamos a nós mesmos que não vamos ter nada do que nos arrepender quando essa hora chegar, pois ela chega.

Vamos viver, de acordo com as nossas vontades, enquanto ainda há vida.


sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

O que aprendemos...


Desde pequenos ouvimos coisas do tipo: "olha só, esse menino tem cara de médico" ou "gente, ela convence mesmo, hein, vai ser advogada". E é com essa discreta cobrança que crescemos. Passamos a primeira fase consciente da vida esperando o ano acabar. Quem está na sétima série, quer ir pra oitava, quem está na oitava não vê a hora de começar o colegial, e quem está no colegial anseia pela faculdade.


Faculdade. E chegou a grande hora. O ápice da vida de um ser humano, até então. Pois é,
crescemos numa estranha forma de sociedade que faz com que um indivíduo de 17 anos, sem conhecer absolutamente nada sobre profissões e suas carreiras (na maioria das vezes), tenha que escolher, dentre tantas opções, aquilo que vai fazer para o resto da vida. Cruel, diga-se de passagem...

Escolhi cursar direito. Fiz a faculdade, a pós graduação, sempre trabalhando para crescer, gerenciando processos e pessoas. Meu dia no escritório sempre começou bem cedo e terminava quase na hora de dormir. Chegava em casa, comia, tomava um banho e dormia. Sempre esperando o final de semana. Parecia que a vida só acontecia aos finais de semana, feriados e férias.

Com o tempo fui percebendo que não era aquilo exatamente o que eu queria, anos sentada na frente de um computador, vivendo para o trabalho. Não julgo quem faça isso, só não desejo isso pra mim. Quero mais da vida, a vida tem mais pra mim, e não digo dinheiro, não. Claro que uma pitada de dim dim não faz mal a ninguém, mas poucos se lembram, meio a tantos compromissos, da quase esquecida  "qualidade de vida".

O país está em crise, e com a crise você percebe o quanto as pessoas são descartáveis, substituíveis, números,"corte de custo", como preferem dizer, e percebendo isso é que começa a minha nova história. Meu despertar. Que contarei pouco a pouco no meu novo blog sobre essa experiência: Minha vida em 64kg. http://minhavidaem64kg.blogspot.com.br/

Por enquanto? Por enquanto vivo cada momento de felicidade, por menor que seja.

quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

Um pouquinho de amor ao próximo, faz tão bem!

E foi numa quarta-feira despretenciosa, que pude vivenciar uma genuína demonstração de amor ao próximo. 

Precisava pegar meu carro na oficina mecânica, graças à batida que dei num veículo parado à minha frente há algumas semanas. 

Olhei no site da SPTrans qual ônibus deveria pegar para ir da Faria Lima até a Vila Mariana. E lá fui eu. Quando cheguei no ponto, percebi que poucos ônibus paravam ali, e comecei a desconfiar da informação que constava no site. Andei em direção ao ponto anterior àquele, e, de repente, ele passa: 875A- Santa Cruz.

Eu já estava a um quarteirão de distância e, num ato de desespero, comecei a correr com minha mochila rosa pink nas costas, o mais rápido que pude. Quando consegui chegar, a porta já estava fechada, dei duas batidas e o motorista abriu. 

"Uhullll, consegui".

De repente, tudo começou a escurecer, um enjôo instantâneo tomou conta de mim e senti minhas pernas fraquejarem. Minhas mãos tremiam. Então, me aproximei de uma senhora, que estava no assento preferencial, e pedi licença para me sentar no degrau à sua frente, no chão mesmo.

Eu só precisava descansar um pouco. Aquela senhora insistia para que me sentasse no lugar dela, mas eu negava.

Ela perguntou se eu havia comido alguma coisa e respondi que não, já que acordei sem fome. Depois de tanta insistência, cedi ao pedido e me sentei no lugar dela.

Por uns 10 minutos a sensação de desmaio era iminente, e eu só pensava em me manter acordada. Enquanto isso, a senhora, cujo nome não consegui perguntar, pediu para outro passageiro abrir a janela ao meu lado, e foi fazendo carinho no meu ombro até o momento em que percebeu que meus lábios retomaram a cor. 

Pedi para que ela voltasse ao seu lugar, pois eu poderia ficar de pé. A resposta era sempre a mesma: "você precisa ficar bem, fica tranquila que hoje minhas pernas estão ótimas, nem estão doendo" - falou sorrindo.

Antes de descer, ela perguntou se eu estava bem para seguir sozinha, e eu balancei a cabeça afirmativamente. Quando o ônibus estava quase parando, nos despedimos com um abraço. 

Que abraço bom!

Ela desceu, e eu continuei a olhar para aquela pessoa enviada por Deus para me confortar naquela manhã, não demorou muito para perceber que ela estava mancando e andava com dificuldade. 

Pois é, e nesse mundo louco, cheio de pessoas individualistas, ainda existem aquelas que amam e respeitam o próximo, que se preocupam com a aflição alheia, e param, o que estiverem fazendo, para ajudar.

Seja o bem que você quer no mundo. Acredite!

Agradeço a Deus por essa lição de humanidade.